Nenhum outro vai saber dos sons que se formam e
o porquê de você sorrir com a mesma palavra que
faz o outro chorar. A gente vive pra ser secreta,
transposição e transbordamento, além da risca de
giz no nosso próprio telhado que goteja e inunda o
quarto trancado. E tudo isso vai morrer em segredo.


Une cruel incompréhension...



'

quarta-feira, 20 de março de 2013

Daquele Texto Incompleto

     Eu me tornei um mito, G. Um mito, no sentido sujo e cortante da palavra.
     Nestes dias, quando o pombo negro transita da outra janela até a minha, só mesmo os meus bondosos ancestrais acreditariam em mim. E eu me pergunto como pude deixar passar tantas coisas. Tantos presságios de algo importante que estaria por vir... Sempre tão esperta, como você me diria. E ao mesmo tempo tão ingênua. Porra, Mariane, onde você escondeu suas canetas? Tudo como você me diria.
     Eu, G., tal qual o mito, vivo suspensa entre os observadores. Sou uma verdade não generalizada, uma fraqueza antes da afirmação.
     Mas venha, tomemos um pouco do tempo, sem cautelas, por favor, sem mais pudores.
     Os mitos são belos, encantadoras obras de arte, mas ninguém confiaria sua vida a eles. Essa é a minha ferida, G.
     Minha dor é que nunca poderei ser eu a sua religião.

Mariane Cardoso
   

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Alguma luz
vai escapando
e só eu
sinto.

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18. Menos artista, mais idosa. O prefácio, o retórico, o histórico, o profético, o pró, o fétido, o esplendor e tudo mais o que cabe no poético.